Joyce Moura: A hipocrisia da extrema direita escancarada em batom vermelho
Durante anos, o ex-presidente Jair Bolsonaro e sua base mais fiel se notabilizaram por declarações machistas, sexistas e ofensivas às mulheres. Não foram poucas as vezes em que o próprio Bolsonaro atacou jornalistas, deputadas e cidadãs com frases que beiram o inadmissível – e muitas vezes o ultrapassam. “Ela não merece ser estuprada”, “fraquejada”, “gritaria de mulher” – são algumas das expressões que marcaram sua trajetória.
Agora, com os atos antidemocráticos de 8 de janeiro ainda frescos na memória do Brasil e as investigações seguindo seu curso, a extrema-direita tenta reescrever a narrativa. E o faz de forma cínica: coloca uma mulher, com um batom vermelho estrategicamente escolhido, para pedir “anistia” em nome dos que tentaram rasgar a democracia.
Não é sobre defesa da mulher. Nunca foi. É sobre conveniência política. É sobre usar a imagem de uma mulher como escudo, como ferramenta, como estratégia – exatamente como fazem os que nunca respeitaram verdadeiramente a luta feminina por direitos e dignidade.
Não se trata de justiça ou arrependimento. É mais uma encenação ensaiada, uma tentativa de limpar a imagem de um movimento que flerta com o autoritarismo, enquanto tenta se esconder atrás de símbolos que jamais representou com honestidade.
O batom vermelho, usado como símbolo de resistência por tantas mulheres ao longo da história, aqui vira figurino de uma farsa. E o Brasil não pode se deixar enganar.
Por Joyce Moura – jornalista
@joycemourarealize