Olha ela aí, gente!
Sem sobrar nenhum general de pijama desocupado, este ano a banda vai ser comandada por uma rainha.
Com o mesmo pulso forte, a ditadura do politicamente correto, chegou ao reino de Momo, botando ordem e arrasando quem aproveita a festa para extravasar recalques e preconceitos.
Agora pra se divertir, só de cara limpa ou com folha corrida e atestado de bons antecedentes.
Não do folião. Da fantasia.
Nada que possa lembrar raças, etnias, preferências sexuais, características físicas, será permitido.
Nêga maluca, tá maluco?
Mulata, nem movida a rivotril.
Preta pretinha, melhor esquecer a música dos velhos baianos.
Saci, ele e nenhum companheiro estereotipado da Turma do Pererê sairão mais da Mata do Fundão.
Índios, de forma alguma. Nem cariris nem guaranis.
Muito menos, os de barba e bigodes.
A FUNAI está vigilante.
Belíssima atriz, foi à uma prévia, vestida mais pra Apache que Potiguara e já quase pelada, por pouco não foi também escalpelada.
Bin Laden, sheik árabe, odalisca, aiatolá. Moshe Dayan,nem de tapa-olho nem de tapa-mamilo.
Nada que possa provocar explosões nem aumentar o efeito estufa no Oriente Médio.
Escravos de Cleópatra. Há tempos estão proibidos até em festinhas de colégio de elite.
Me dá um dinheiro aí. Desista.
Ninguém vai acreditar na pindaíba de quem acabou de receber o décimo-terceiro do bolsa família.
Dentuço, vai ter que se explicar com o sindicato dos dentistas
Gordinho, vão pensar que é treta com o deputado Botafogo.
Mago, a justa da Paraíba não deixa mais trabalhar.
La ursa não vai receber dinheiro nem de pirangueiro. O IBAMA não permite. Mesmo as polares. Mineiras, deportadas por Trump.
Travestis, só nas próprias paradas deles, delas, dos simpatizantes e dos outros.
Que não dá pra saber se quem mudou de sexo pode se fantasiar do antigo. Nem quem goza quem.
Ou versa, visse?
Sobram as clássicas que nunca faltaram. Estabelecidas desde o século XVI.
Primeiro na Itália.
Depois por tudo que é canto onde tenha uma prefeitura com grana sobrando pra bancar a farra.
Apesar de nunca terem existido na real, como a vida imita a arte, até elas estão ameaçadas de ficarem cheirando à naftalina sem direito ao sol dos trópicos. Uma vez por ano.
Impedidos de brincarem com suas fantasias eróticas, os casais adeptos de novos costumes vão reclamar.
Que estão botando coisas nas suas cabeças.
Mensagens subliminares e insinuações só não machucam mais porque crescem pra fora.
Só os outros e certos blogueiros veem.
A Colombina, com esse ridículo nome de pombinha, empregada doméstica e alpinista social, fisgou o depressivo Pierrot.
Mas logo apaixonou-se pelo Arlequim. Outro palhaço.
Para desespero do dono do Posto Ipiranga, em vez de se esbaldarem em Olinda ou Caicó, foram os três, resolver a suruba em Miami, onde o entrudo rola solto e ninguém é de ninguém.
Domício Arruda – Tribuna do Norte
Blog Território Livre