Macron anuncia ‘coalizão humanitária’ para ajudar Gaza; navio-hospital francês se dirige à região

O presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou nesta sexta-feira (27) o estabelecimento de uma “coalizão humanitária” com vários países europeus, em especial Chipre e Grécia, para ajudar a população civil de Gaza. Ele apelou por uma “trégua humanitária” na guerra entre Israel e o Hamas para “organizar a proteção” das populações civis, e acrescentou que a resposta israelense deve “visar melhor” os “terroristas”.

“Uma trégua humanitária é útil hoje para poder proteger aqueles que estão no terreno, que sofreram bombardeios”, disse o chefe de Estado. Macron foi, assim, além da declaração conjunta dos líderes da União Europeia, que após duras negociações para a elaboração do texto, pediu “pausas” para facilitar a ajuda humanitária.

“Vamos construir uma coalizão humanitária com vários países europeus, em particular Chipre, que servirá de base de retaguarda para este corredor humanitário marítimo. Temos discussões neste sentido com (…) a Grécia, que também está pronta para enviar equipamento”, disse o presidente francês.

Macron demonstrou insatisfação com o “debate muito longo” no Conselho Europeu e insistiu na necessidade de negociar a libertação dos reféns do Hamas e “resolver o problema dos hospitais, que é muito complicado”.

Um avião carregado com ajuda humanitária está pronto para decolar e um navio-hospital do exército se dirige para o sul da Itália nesta sexta-feira para ajudar as populações civis de Gaza, vítimas da guerra entre Israel e o Hamas, informou o líder. O envio desta ajuda é feito “em cooperação com o Egito e a Jordânia, em acordo com Israel”, acrescentou.

A ajuda consiste em 54 toneladas de medicamentos, disse o ministério francês das Relações Exteriores.

O avião poderá aterrissar no Cairo ou, mais provavelmente, no aeroporto de El-Arich, onde se concentram as entregas de ajuda humanitária a Gaza, a cerca de 65 quilômetros de distância. A remessa será entregue ao Crescente Vermelho egípcio.

O navio Tonnerre deverá chegar até domingo nos arredores do Chipre, no Mediterrâneo oriental, onde já estão localizadas as fragatas francesas Alsace e Surcouf. A ilha de Chipre servirá de “base de retaguarda” para o corredor humanitário marítimo na região, disse Emmanuel Macron em Bruxelas.

Equipado com duas salas de cirurgia, uma sala de raios X e capacidade para cerca de 60 leitos, o Tonnerre transporta 200 marinheiros e cerca de 20 enfermeiros, incluindo cirurgiões.

“Todas as operações estão em estudo” e os termos da intervenção serão determinados “caso a caso”, dependendo de onde o Tonnerre conseguirá atracar, informou o Estado-Maior francês.

Desde a guerra desencadeada pelo ataque de 7 de outubro, a França libertou € 20 milhões em ajuda aos civis palestinos, além dos € 62 milhões já previstos para o ano de 2023.

Israel deve ‘orientar melhor’ operações contra o Hamas

Segundo o presidente francês, a resposta israelense deve “orientar melhor a ação útil contra os terroristas”. “É essencial que a distinção seja feita desde o início, muito claramente, das populações civis. Caso contrário, o risco é o de conflagração, de confusão. E paradoxalmente, penso que também é muito contraproducente para a segurança de Israel”, alegou.

Macron, que durante uma viagem ao Oriente Médio na terça e quarta-feira mencionou a ideia de uma “coalizão internacional” para lutar contra o Hamas, como a que existe contra o grupo jihadista Estado Islâmico, explicou que iria propor aos “parceiros” da França “uma reunião” para “estruturar esta iniciativa”.

Manifestação pró-Palestina proibida em Paris

O presidente francês também foi questionado sobre a proibição de manifestações de apoio à Palestina, em Paris, respondendo que “confiava no chefe da polícia” da capital. Um protesto, marcado para este sábado (28) foi, mais uma vez, proibido pelas autoridades policiais.

O presidente lembrou que “várias manifestações” foram “autorizadas porque apoiavam a causa palestina pela paz”, mas que outras foram proibidas “quando havia, por vezes, ambiguidade entre os organizadores ou a intenção de passar uma mensagem de apoio ao Hamas”, grupo islâmico palestino considerado como terrorista pela União Europeia.

“Se importarmos o conflito [para a França] e se, de alguma forma, deixarmos que as vozes extremistas conduzam o debate público, estaremos nos dividindo desnecessariamente”, avaliou o presidente.

O chefe de Estado pediu por “união” depois do ataque de 7 de outubro e as represálias israelenses na Faixa de Gaza. A França abriga grandes comunidades judaicas e muçulmanas.

Com informações da AFP

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