Gabriela Soares: O que está por trás – em todos os lados – da violência doméstica

A cada 4 horas uma mulher sofre violência no Brasil.

Desde o sábado (11/11), quando a apresentadora Ana Hickmann registrou Boletim de Ocorrência em desfavor do seu, agora, ex-marido, Alexandre Corrêa, pelo menos 30 mulheres foram vítimas de algum tipo de violência doméstica e familiar.

Também desde o sábado, a violência contra a mulher tem sido pauta de programas de tv, posts em redes sociais, desabafos emocionados e relatos corajosos de outras mulheres vitimadas. Resolvi escrever sobre isso logo que vi a primeira pessoa questionar: “Recentemente a, também apresentadora, Patrícia Ramos, denunciou seu ex-companheiro por violência e extorsão, mas não houve toda essa comoção. Qual o motivo?”.

Fiquei alguns minutos refletindo sobre, pois obviamente considero e busco trazer para esse espaço a necessidade de articular a raça, o sexo e a classe social em toda e qualquer manifestação da realidade. A violência contra a mulher não é diferente. Se entendermos que mulheres negras estão sujeitas a figurar, e figuram, entre os piores índices de desenvolvimento humano, já consideramos que elas estão também indicadas como aquelas que mais sofrem violência doméstica e familiar.

Contra fatos não há argumentos.

Entretanto, o que de fato gostaria de trazer para o centro dessa abordagem, e que me parece estar ficando em segundo plano, é a raiz estrutural desse tipo de violência e seu elemento fundador: o patriarcado. Me parece que estamos elaborando outros pontos, igualmente importantes, mas esquecendo que há uma ideologia que atribui poder ao masculino; não ao homem, mas a todos os mecanismos entendidos como masculinos, atribuídos à figura do macho.

São muitos os exemplos, sinais, indícios. Estamos assistindo um verdadeiro massacre das mulheres, em virtude apenas do gênero/sexo: só nesse ano, uma média de 4 mulheres foi morta a cada dia. De janeiro a julho. São mulheres brancas, negras, pobres, de classe média, mulheres idosas, mulheres com deficiência; mães, filhas, irmãs, médicas, professoras, policiais… todas violadas pelo mesmo algoz. Uma realidade vivida na sociedade, retratada pela ficção, que determina um ponto de partida principal: a urgência de se destruir o machismo que estrutura a sociedade.

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