Crise se espalha pelo Oriente Médio: entenda como os conflitos estão ligados entre si

Israel bombardeia a Faixa de Gaza. O Hezbollah ataca o norte de Israel; os Houthis atacam o sul do país, ambos respaldados pelo Irã.

 

O Irã ataca grupo apoiado por Israel no Paquistão, um dia depois de lançar mísseis balísticos contra a Síria e o Iraque alvejando bases da inteligência israelense.

 

Israel ataca Beirute, no Líbano, para matar um líder do Hamas. Navios transportam armas iranianas para os Houthis, grupo rebelde do Iêmen, que, por sua vez, têm atacado cargueiros do Ocidente no Mar Vermelho. EUA e Reino Unido bombardeiam alvos houthis no Iêmen.

 

O Oriente Médio, região que abriga países do leste do Mediterrâneo até o Golfo Pérsico, vive uma teia de conflitos interligados entre si e em escalada sem precedentes na história moderna da região.

 

Há semanas, os Estados Unidos expressavam o temor de que o conflito “original”, entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza, se espalhasse pela região, o que pode causar um emaranhado de conflitos paralelos envolvendo potências regionais, como o Irã.

 

Nesta semana, a escalada de ataques mostrou que isso já pode estar acontecendo, com a particularidade de que todos estão interligados. Entenda abaixo como:

ter matado membros do alto escalão do Hezbollah e do Hamas no Líbano. Um desses ataques ocorreu na capital do Libano, Beirute. O governo libanês, que até então não havia entrado no conflito, culpou Israel e prometeu retaliação.

O Irã já participava dessa teia de conflitos indiretamente, através do financiamento ao Hezbollah, ao Hamas e aos Houthis. Mas, depois das ações dos EUA e do Reino Unido, Teerã quis dar uma demonstração de força e fez três ataques.

Na segunda-feira (15), lançou mísseis contra alvos na Síria e no Iraque, alegando estar destruindo bases do Mossad, o serviço de inteligência de Israel. E, na terça-feira (16), bombardeou no vizinho Paquistão – cujo governo é apoiado pelos EUA – bases do grupo rebelde Jaish al Adl. Teerã alega que esse grupo é financiado por Israel.

Guerra terceirizada

Para o professor de Relações Internacionais da ESPM Leonardo Trevisan, a escalada ocorre em parte porque o Irã está fazendo uma “guerra por procuração” através do apoio aos grupos rebeldes. E os ataques feitos por Teerã são uma tentativa de o país, xiita, tentar se impor na região diante de outra potência, a Arábia Saudita, cujo governo é sunita e mais próximo dos Estados Unidos.

 

“Essa guerra ganha importância enorme não só pela briga com palestinos, mas pelo contexto de onde ela está”, disse em entrevista à GloboNews.

Agrava o cenário o fato de que potências de fora podem participar de forma mais ativa nos conflitos.

 

Os Estados Unidos, que vinham tentando se descolar do conflito e inclusive já pediram ao governo israelense que contenha os ataques à Faixa de Gaza, vêm demonstrando agora mais disposição em participar dele.

 

“Não estamos à procura de uma guerra. Não estamos à procura de expandir isto. Os Houthis têm uma escolha a fazer”, disse, na terça-feira (16), o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, John Kirby.

O conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, disse em discurso no Fórum Econômico Mundial, que acontece nesta semana em Davos, na Suíça, que a crescente variedade de ataques significa que os aliados devem “estar vigilantes com a possibilidade de que, de fato, estamos num caminho de escalada que temos de gerir”.

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