Sistema hospitalar de Paris é investigado após estupro de paciente
A Assistência Pública - Hospitais de Paris (AP-HP) – maior sistema hospitalar da Europa, que reúne 38 hospitais da capital francesa – é alvo de investigação após denúncia de omissão de assistência a pessoa em perigo. A mãe de uma paciente com distúrbios neurocognitivos, que teria sido estuprada dentro de um hospital, acusa a organização de não tê-la protegido.
Por RFI
A AP-HP garante que, após tomar conhecimento das suspeitas de estupro dentro do hospital geriátrico de Sainte-Périne, no 16° distrito de Paris, “conversou” com a mãe e tomou “medidas de precaução”.
A queixa contra a AP-HP, apresentada em 5 de dezembro em uma delegacia da polícia, levou a um “processo sob a direção da seção de saúde pública do Ministério Público de Paris”, indicou o Ministério Público, confirmando informações do jornal Le Parisien.
A mãe diz que foi avisada no final de julho pela equipe do hospital que um paciente nu havia sido encontrado, deitado sobre a filha, cuja fralda havia sido retirada.
“O hospital tinha me prometido em agosto tomar medidas para proteger minha filha, mas nada foi feito”, disse à polícia a mãe, que é a tutora legal da vítima, uma mulher de 50 anos, com síndrome de Down, que sofre de distúrbios neurocognitivos.
A direção do estabelecimento “não comunicou este trágico acontecimento aos tribunais, embora tivesse a obrigação legal de fazer isso”, lamentou o advogado da família, Alexandre Lobry.
Estupro de vulnerável
A AP-HP contesta esta versão e garante que, após as suspeitas de estupro, “a mãe da paciente foi recebida em diversas ocasiões” e “convidada a apresentar queixa”.
“As medidas de precaução tomadas de imediato para a segurança da paciente também foram objeto de discussões com a mãe, que rejeitou uma proposta de transferência da filha para outro serviço”, continua a AP-HP.
A ideia de uma denúncia para investigação foi “considerada” pelo hospital, mas não foi feita porque a mãe da paciente apresentou queixa na delegacia, acrescenta a AP-HP.
No dia 24 de outubro, a mãe decidiu apresentar uma primeira queixa por estupro de vulnerável. No documento, ela diz que teve a sensação de que o chefe do serviço tentou fazer com que ela “tivesse pena” do suspeito, repetindo que ele estava “doente” e poderia, se fosse excluído, acabar “na rua”.
Uma investigação foi confiada à Polícia Judiciária, por “gestos de natureza sexual sofridos no interior do hospital”, confirmou na sexta-feira (2) o Ministério Público.
O objetivo é “especificar a materialidade e qualificação” destes “gestos”, indicou o Ministério Público, mas o suspeito ainda não foi ouvido “devido a seu estado psiquiátrico”. “Desconhecido dos serviços”, ele “está internado em psiquiatria há muitos anos”.
A mãe afirma ter “continuado a cruzar” com o suspeito quando visitou a filha. “Ele está sempre no mesmo andar que ela”, lamentou ela no início de dezembro ao registrar a segunda queixa, por não atendimento a pessoa em perigo por pessoa jurídica.
(Com informações da AFP)