Impeachment e eleição municipal

 

Todos querem conversar sobre a sucessão municipal. Os mais afoitos chegam a fazer interpretações precipitadas, caindo nas teias do que se conhece por jornalismo desejoso. São muitos os que desejam disputar o cargo e tentam viabilizar a candidatura. Outros já possuem capital eleitoral e aguardam o momento oportuno para deflagrar o processo. Sempre foi assim. Quem é mais conhecido está poupando energias, guardando os cartuchos. Os novos candidatos terão que lutar contra o tempo, em uma campanha curtíssima onde o tempo da propaganda eleitoral gratuita será insuficiente para divulgar nomes, programas e governo.

 

A eleição deste ano será diferente. O grande teste para a justiça será coibir o caixa 2, por conta da proibição de pessoas jurídicas privadas. O ministro Gilmar Mendes, que assumiu ontem o Tribunal Superior Eleitoral, disse que é possível que o dinheiro desviado da Petrobrás abasteça campanhas neste ano.  Não acredito que isso venha a acontecer, sobretudo de maneira escandalosa, como aconteceu em eleições anteriores. Depois das investigações da Lava Jato o partido e o candidato teriam de ter muita coragem para assumirem esse risco. De qualquer forma, será preciso muita fiscalização no decorrer da campanha.

 

A eleição municipal de 1992 coincidiu com a votação do processo de impeachment do presidente Fernando Collor. O voto dos parlamentares do estado era discutido nas escolas, sindicatos, associações e outros órgãos representativos, influindo na decisão do eleitor. O dia da votação, 29 de setembro, terça-feira, coincidia com o último comício da campanha. Um deputado federal da Bahia, Pedro Irujo, vendo minha aflição pela falta de transporte, comunicou-se que estava voltando a Salvador e mandaria me deixar até Mossoró. Foi assim que votei no impeachment e participei do encerramento da campanha do prefeito Dix-huit.

 

O processo político atual é diferente de 1992. O eleitor havia tomado posição contra um governo que decepcionara o País. Hoje, o brasileiro está atônito. Fosse o voto facultativo e a abstenção. Do mesmo modo, é imprevisível até onde chegará a operação Lava Jato. Partidos políticos e lideranças terão dificuldades em explicar fatos ou comprovar que são diferentes dos outros. É nesse aspecto que os candidatos novos estão apostando. Mas, não será suficiente para ganhar uma eleição. Mais uma semana vai passando e não se consegue deflagrar a sucessão local.  Esse aspecto pode ser positivo, levando em consideração que atual crise paralixou o Brasil.