Queda de atividade no Porto de Natal preocupa setor produtivo

 

Em baixa desde a saída da CMA CGM, as constantes quedas na movimentação do Porto de Natal despertam preocupação das federações do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Fecomércio-RN) e da Agricultura e Pecuária (Faern). Conforme mostrado pela TRIBUNA DO NORTE, nos primeiros quatro meses deste ano, houve uma redução de 48,3% na movimentação portuária em comparação ao mesmo período do ano anterior. O cenário segue tendência de queda já observada em 2023, quando a movimentação total do ano registrou um decréscimo de 32,6% em relação ao ano anterior.

 

Movimentação no Porto de Natal cai 48,3% no 1º quadrimestre do ano

 

A Fecomércio alerta que a falta de estrutura adequada coloca o Estado para trás na concorrência com outros portos já consolidados, como o de Suape, em Pernambuco, e Pecém, no Ceará. “Uma das dificuldades enfrentadas é a infraestrutura, tanto do próprio terminal, quanto de acesso no que diz respeito a questões como calado dos navios e as estruturas de defensas na Ponte Newton Navarro. Outra questão envolve o mercado, pois enfrentamos a concorrência de dois grandes portos”, comenta Marcelo Queiroz, presidente da Fecomércio-RN.

 

O presidente da Faern, José Vieira, diz que o Rio Grande do Norte perde a oportunidade de assumir o protagonismo na exportação de frutas. “O porto de Natal, por sua natureza, é um porto vocacionado para a fruticultura. Na hora que a gente pede uma empresa que deixa de operar no Porto para levar as nossas frutas, para escoar a produção, enxergo essa situação com muita preocupação. O resultado é esse, não tem nenhuma surpresa. Na hora que a CMA, a CGM, sai do Estado por falta de estrutura e não tem outra empresa que venha ocupar o espaço, o resultado é esse”, afirma.

 

A redução da atividade no Porto de Natal é amplamente atribuída à falta de infraestrutura adequada. A ausência de dragagem adequada – processo para remover sedimentos do leito do rio e assegurar a profundidade necessária para a navegação – combinado à falta de defensas na ponte, são obstáculos que afastam grandes empresas da capital potiguar. Essa foi a justificativa para CMA CGM, maior operadora do Porto, deixar Natal e passar a atuar no Porto de Mucuripe, no Ceará.

 

A Fecomércio-RN defende a melhoria na infraestrutura do terminal para viabilizar o transporte de cargas entre os portos do País, a chamada cabotagem. “No contexto do comércio, a estruturação adequada seria fundamental, pois permitiria a navegação de cabotagem, que a Fecomércio RN tem sempre pautado como um dos caminhos para aumentar a competitividade do RN. Um dos gargalos enfrentados por nossas empresas é o alto custo do frete por avião ou rodovias, seja para importação quanto para exportação”, diz Queiroz.

 

Os dados da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), do Ministério dos Transportes, mostram entre cargas embarcadas e desembarcadas, 113.583 toneladas passaram pelo Porto entre janeiro e abril deste ano. Em 2023, que já havia sido um ano de baixa, o movimento de cargas nesse mesmo período foi de 219.866 toneladas. Das 113 mil toneladas, 82,9% das cargas foram no sentido desembarque, principalmente de trigo, e somente 17,1% das cargas foram embarcadas, sendo a maior parte de açúcar e pequenas remessas de melões, melancias e mamões.

 

Movimentação portuária cresce 5,92% no Brasil

Ao contrário do registrado no Porto de Natal, a movimentação de cargas nos portos brasileiros cresceu 5,92% nos primeiros quatro meses do ano, em comparação ao mesmo período do ano passado. A movimentação portuária no primeiro quadrimestre deste ano foi de 413,5 milhões de toneladas de cargas. Os números também são da Antaq. Entre os produtos agrícolas, a soja (53,7 milhões de toneladas) apresentou um crescimento de 4% no período. O açúcar (9,2 milhões de toneladas) teve um crescimento de 72%, enquanto o café (1,1 milhão de toneladas) movimentou 80% a mais do que o verificado no primeiro quadrimestre de 2023.

Tribuna do Norte

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