Ney Lopes A hora é de salvar vidas
Luis Fernando Veríssimo, na crônica “Critérios”, antecipa o que poderá acontecer no país em relação a Covid19, caso prevaleçam as posições políticas de intolerância, lado a lado.
Narra Veríssimo, a luta pela sobrevivência de náufragos, abandonados dentro de barco salva vidas, sem comida, no mar revolto.
Chegaram à conclusão que a antropofagia seria o único meio de sobrevivência.
A situação agravou-se com as discussões sobre qual critério para sobreviver.
O tumulto fez com que o barco virasse e todos, sem distinção, foram devorados pelos tubarões, que, como se sabe, não têm nenhum critério.
No caso específico do Brasil, sem olhar pelo retrovisor, necessita-se de critério para alcançar a sobrevivência coletiva.
Significa frear as ameaças de recessão e erradicar o vírus.
Os caminhos são conhecidos: promover racionalmente o isolamento social, reforçar os hábitos de higiene e vacinar-se.
São passos fundamentais, a visita do novo ministro da Saúde Marcelo Queiroga a centros universitários em SP e RJ, a criação de Comitê científico e a reunião do senador Rodrigo Pacheco com os governadores.
O presidente muda comportamento: fala em vacinar-se, recomenda máscaras e admite “lockdown”, caso a caso. Sem dúvida, um avanço. O importante é que as providencias sejam aceleradas.
Na Alemanha, Reino Unido, países escandinavos, ocorreram recuos dos governantes, face ao descaso no passado, em relação a gravidade da doença.
Por mais que tenham existido equívocos é inexplicável torcer pelo “quanto pior melhor”.
Os julgamentos de responsabilidade política serão feitos nas urnas de 2022.
Como na crônica de Veríssimo, se o barco naufragar, todos nós seremos vítimas.
Por esse motivo, de agora por diante, o “critério” deverá ser “voto de confiança” nos três poderes da República.
A hora é de salvar vidas.
Ney Lopes – jornalista, ex-deputado federal, professor de direito constitucional da UFRN e advogado