AS ÚLTIMAS PESQUISAS ELEITORAIS PARA PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Ney Lopes

O risco é grande de receber até ofensas quem ousa analisar com isenção e imparcialidade episódios políticos nestes tempos tumultuados do processo eleitoral brasileiro.

Os bolsonaristas e lulistas se assemelham na intolerância, embora de um lado e de outro existam pessoas equilibradas e de bom senso.

Na condição de um “eterno repórter” com alguma experiência por ter vivido como parlamentar 24 anos no Congresso Nacional, mantenho o “hobby” de análises e opiniões diárias na Internet, para leitura de meia dúzia de internautas.

 

 

Aprendi que jornalismo é não fugir do fato no dia a dia.

Por isso, analisemos as últimas pesquisas, após o controvertido 7 de setembro.

Reafirmo, que valorizo pesquisas, dependendo da sua origem.

São instrumentos científicos de aferir tendências da opinião pública.

Podem errar, é claro.

Todavia, mostram o retrato 3×4 do momento eleitoral fotografado.

As mais recentes pesquisas da eleição presidencial foram do Datafolha e o Ipesp/Abrapel, dois institutos de bom conceito.

Em ambas sondagens há um dado fundamental: nos últimos noventa dias, o presidente Bolsonaro retirou 8 pontos percentuais da vantagem que Lula tinha nas intenções de voto, o que representa cerca de 12 milhões de votos.

É uma tendência real.

Para os analistas, não cabe mais ponderar se haverá ainda tempo, ou não de alteração do quadro.

O fato é que existe o ritmo de crescimento de Bolsonaro.

Pode estancar, mas também pode disparar.

O objetivo básico do presidente é ir ao segundo turno, o que parecia inatingível.

Hoje, perfeitamente possível.

O segundo turno será uma nova eleição, com duração de 24 dias.

Tudo pode acontecer.

Há dois fatores a considerar:  os índices de rejeição dos candidatos favoritos e o voto útil, que geralmente aparece na última semana, antes do primeiro turno.

No item rejeição, a média é de 51% dos entrevistados não votando no presidente de jeito nenhum e 39% não votando em Lula de jeito nenhum.

Em relação a pesquisas anteriores, Bolsonaro caiu 1 ponto na rejeição e Lula marcou a mesma pontuação.

O governo do presidente Bolsonaro tem aprovação de 28% e reprovação de 45%.

Percebem-se dois movimentos nas campanhas: Bolsonaro, para recuperar terreno perdido, propaga inegáveis sucessos na economia e volta a sua estratégia de 2018, de acusações reiteradas a Lula no campo da corrupção.

Os petistas entendem que a melhora na economia não chegou aos mais pobres e que esse eleitorado seguirá com Lula.

Porém, o ex-presidente dá “guinada” ao centro para conter crescimento de Bolsonaro.

Lula busca voto dos indecisos e dos que hoje optam por Tebet ou Ciro

O presidente, ao contrário, não aposta em buscar o centro ou a esquerda.

O  seu estilo inflexível preocupa o “staff” de campanha, que defende um discurso mais ameno, destinado à classe média e aos setores menos radicais, inclusive propagando conquistas e vitórias alcançadas pelo governo em vários setores da administração.

Nesse particular, Bolsonaro é considerado imprevisível. Só ouve ele próprio.

A essa altura, o segundo turno tido como certo.

Previsão impossível sobre o que acontecerá.

Porém, uma coisa é certa: Lula terá que atrair bolsonaristas, o centro e a esquerda que não votou nele, para consolidar uma vitória.

Já o presidente  terá que  conquistar votos no centro,  esquerda e radicais opositores, que votaram em Ciro e Tebet.

Os grupos, que atualmente apoiam Bolsonaro e Lula, não garantem vitória no segundo turno.

Na renhida  disputa pelo poder caberá ao  eleitor a decisão final e soberana,

Na expressão da escritora mineira Luna di Primo, o eleitor assemelha-se a uma bola de pingue-pongue entre direita e esquerda.

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