Alemanha: novo lockdown é visto como “inevitável” com a chegada da ômicron

A principal agência de controle de doenças da Alemanha preconiza medidas imediatas e massivas, mas o novo governo, liderado pelo social-democrata Olaf Scholz, anunciou poucas restrições, que devem entrar em vigor só depois do Natal. Alguns analistas temem que o país não consiga enfrentar a onda de infecções provocada pela variante ômicron e seja obrigado a decretar um lockdown em janeiro.

Marcio Damasceno, correspondente da RFI em Berlim

O governo alemão está sendo acusado de ter uma reação tímida diante do perigo anunciado. O próprio ministro da Saúde do novo governo, Karl Lauterbach, disse há alguns dias que a onda de infecções provocada pela variante ômicron representará um desafio inédito para a Alemanha desde o surgimento da Covid-19.

O conselho de especialistas formado pelo novo governo para assessorar a gestão da crise sanitária prevê que a chegada da nova linhagem do coronavírus gere “um novo tipo de pandemia”. O comitê sugeriu a necessidade de “medidas maciças”, mas não foi específico.

Scholz e os governadores alemães anunciaram, na última na terça-feira (21) um limite de 10 pessoas em reuniões privadas – no caso de não vacinados, apenas duas pessoas. As medidas também incluem o fechamento de casas noturnas de todo o país e os eventos esportivos acontecerão a portas fechadas, sem público.

Críticos apontam que as restrições, além de serem insuficientes, só entram em vigor em nível nacional em 28 de dezembro, limitando as festas de Ano Novo. Já as comemorações de Natal ocorrerão sem grandes restrições, o que deverá contribuir para a propagação da nova cepa.

Lockdown inevitável?

Diante dessa decisão, muitos questionam se o perigo da ômicron é de fato tão grande, já que o governo determinou que as novas restrições fossem aplicadas após o Natal, e não imediatamente. Analistas acreditam que as autoridades não tiveram coragem suficiente para determinar um lockdown e interferir nas comemorações natalinas, que é um dos principais feriados no país.

O temor dos especialistas é que a onda de ômicron seja tão forte que estruturas essenciais – como hospitais, polícia, bombeiros, fornecimento de energia – sejam prejudicados pela quantidade de infecções entre seus funcionários.

Muitos acreditam que um novo lockdown, como já ocorre em outros países europeus, será inevitável. A próxima reunião entre governos federal e estaduais da Alemanha sobre a gestão da pandemia está planejada para 7 de janeiro.

Apelo por medidas mais severas

O Instituto Robert Koch, agência estatal de controle de doenças que assessora o governo, propôs restrições de contatos sociais “máximas” e “imediatas”, além do fechamento de restaurantes e a proibição de viagens, o que não ocorreu.

Os governadores de dois estados alemães com altos números de infecções atualmente, Saxônia e Baden-Württemberg, também alertaram que as medidas anunciadas são insuficientes. No documento final da reunião de terça-feira com Olaf Scholz, eles disseram ser favoráveis a novas restrições.

O chefe da Sociedade Alemã de Hospitais, Gerald Gass, afirmou que as novas regras não poderão combater a chamada “quinta onda” que se aproxima do país e evitar o impacto nos hospitais.

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