Americanos libertados em troca de prisioneiros com o Irã chegam ao Catar
Cinco ex-prisioneiros americanos no Irã chegaram a Doha, nesta segunda-feira (18), procedentes de Teerã, graças a uma troca de presos com os Estados Unidos concluída com a mediação do Catar.
Dois dos cinco prisioneiros iranianos liberados pelos Estados Unidos já chegaram a Doha, a capital catari, para retornar em seguida ao Irã, informou a imprensa do país. Os outros três também foram liberados, mas não desejam voltar para a República Islâmica, segundo a agência Tasnim.
Agradecimento a Biden
Um dos cinco cidadãos americanos que deixaram o Irã nesta segunda-feira (18) saudou o presidente Joe Biden por ter ignorado a reação política e realizar uma troca que o libertou.
Mas Namazi, que esteve preso por oito anos, reconheceu que “não havia boas opções” para lidar com o Estado clerical.
Dirigindo-se a Biden enquanto o presidente se prepara para se encontrar com os líderes mundiais nas Nações Unidas, Namazi disse: “Peço a você que inicie um esforço global revolucionário que vise a prevenir a tomada de reféns em primeiro lugar”.
“Somente se o mundo livre finalmente concordar em impor coletivamente consequências duras àqueles que usam vidas humanas como meras moedas de troca é que o regime iraniano e seus semelhantes serão obrigados a fazer escolhas diferentes”, insistiu.
“Infelizmente, até lá, nós podemos prever que mais americanos e outros serão vítimas da tomada de reféns pelo Estado – um horror que, graças a você, minha família e eu nos esforçaremos para deixar para trás a partir de hoje”, completou.
Anunciada em agosto, a troca foi o resultado de meses de negociações entre Estados Unidos e Irã com a mediação do Catar, país que tem boas relações com as duas partes.
Acusações de espionagem
O empresário Siamak Namazi, nascido em Teerã, foi detido em 2015 e condenado a dez anos de prisão em 2016 por espionagem. Sua família nega a acusação.
Outros prisioneiros incluídos na troca são o ambientalista Morad Tahbaz e o empresário Emad Sharqi. As outras duas pessoas pediram que os nomes não fossem divulgados.
Na semana passada, a agência oficial de notícias Irna revelou as identidades dos iranianos presos.
No grupo, os destaques são Reza Sarhangpour e Kambiz Attar Kashani, acusados de violarem as sanções americanas contra o Irã. Um terceiro preso, Kaveh Lotfolah Afrasiabi, foi detido em sua casa perto de Boston, em 2021, e acusado pela Justiça dos Estados Unidos de ser um agente secreto iraniano.
Também foram incluídos na troca Mehrdad Moein Ansari e Amin Hasanzadeh, acusados de vínculos com as forças de segurança iranianas.
“Cheque em branco”
A Casa Branca negou que o desbloqueio dos fundos iranianos seja o equivalente ao pagamento de resgate pelos detentos e afirmou que também não representa um “cheque em branco”.
O porta-voz da diplomacia iraniana afirmou que os recursos permitirão “comprar todos os produtos que não estão sob sanção”, e não apenas comida e medicamentos.
Irã e Estados Unidos têm uma disputa desde a Revolução Islâmica de 1979, que derrubou um monarca pró-Ocidente.
Biden, democrata, tentou restabelecer o histórico acordo internacional de 2015 que resultou na suspensão das sanções contra o Irã, em troca de que Teerã limitasse o programa nuclear com finalidades civis. As negociações, no entanto, se encontram estagnadas.
(Com informações da AFP)