ANÁLISE: “ELEIÇÕES NA FRANÇA E REINO UNIDO FORTALECEM “CENTRO”POLÍTICO”

Macron sai debilitado das eleições e luta para não se tornar um “pato manco” na política. A sua abertura à esquerda terminou enfraquecendo-o.

Ney Lopes

Uma boa notícia em matéria de política é o anuncio por analistas de política internacional de que os resultados, sobretudo, das últimas eleições no Reino Unido e na França, criam condições para o fortalecimento do centro político.

Caso se concretize, a democracia se fortalece. Não se justifica essa polarização entre “esquerda e direita”, criando inclusive comportamentos patológicos, com pessoas intoxicadas por informações falsas gerando tumulto, usando palavras de baixo calão, querendo a todo custo impor as suas ideias.

O novo primeiro ministro do Reino Unido lidera o processo de uma nova concepção política, apoiada no equilíbrio e não nos extremos. Ele coloca a estabilidade política como chave do processo de recuperação do Reino Unido.

Não haverá mudança nas políticas do Reino Unido em relação à sua crença na importância de um relacionamento forte com os Estados Unidos, seu papel na OTAN e seu apoio à Ucrânia. Mas mudança significa estabilidade precisamente porque os últimos anos de governo conservador foram instáveis, incluindo cinco mudanças de primeiro-ministro nos últimos nove anos.

O Partido Trabalhista inglês foi desradicalizado pelo novo líder Keir Starmer para se tornar uma alternativa para a maioria da população. Starmer não é um líder trabalhista particularmente radical. Sob o antigo promotor público, o Partido Trabalhista se comprometeu a manter o status quo nas taxas de impostos e prometeu reduzir a migração líquida.

No entanto, o partido apresentou uma grande visão para o futuro econômico da Grã-Bretanha: criar a Great British Energy (uma empresa pública de energia limpa), renacionalizar as ferrovias à medida que os contratos expiram e implementar uma nova estratégia industrial, para citar algumas políticas importantes.

Essas são metas elevadas, mas não impossíveis de serem alcançadas com o mandato que o Partido Trabalhista recebeu

Um fator que contribuirá para essa mudança é o esperado fracasso político do presidente francês Emmanuel Macron nas decisivas eleições parlamentares deste domingo, enfraquecendo-o no exterior e ofuscando seu legado, no momento em que a França se prepara para ganhar destaque global como sede das Olimpíadas de Paris.

Seja qual for o resultado do segundo turno deste domingo, não se espera que seja uma boa notícia para Macron. A mídia francesa descreveu recentemente uma atmosfera de “fim de reinado” no palácio presidencial do Eliseu.

Por outro lado, tudo indica que o Reagrupamento Nacional (RN), partido da líder extremista de direita Marine Le Pen, não terá a vitória esperada. Isso facilitará o reagrupamento político pós eleição e igualmente pode fortalecer uma posição de “centro”. Vamos aguardar.

Deixe um comentário