ANÁLISE: “O QUE É CORRUPÇÃO PARA O CIDADÃO”

 

Ney Lopes

A Fundação portuguesa Francisco Manuel dos Santos publica estudo sobre “Ética e integridade na política: percepções, controle e impacto”.

Em resumo procura definir o que na verdade o cidadão considera corrupção na política.

Sempre que se fala neste tema a ideia é que se trata de “violação das normas legais”.

O estudo mostra que não. Há comportamentos que podem não violar a Constituição e as leis e serem censurados pelo cidadão.

O principal deles é a nomeação de familiares para cargos políticos para favorecer alguém, onde existe “mais desacordo entre cidadãos e eleitos”.

Apesar de não infringirem a lei, estes comportamentos são vistos como corruptos pela sociedade – o nepotismo, por exemplo.

Um fato curioso é que há certa tolerância de parte da cidadania com os políticos que são corruptos e violam a lei, mas apresentam resultados concretos, em “obras feitas”.

O conhecido “rouba, mas faz” aglutina essa tolerância aos olhos da opinião pública, em maior proporção do que aqueles que não mostram resultados.

O estudo mostra desacordo entre o que pensam os políticos e os cidadãos.

Os políticos reconhecem a lei como único critério orientador da sua conduta.

Já os cidadãos entendem que os políticos devem se abster de envolvimento em práticas que, podendo ser legais, não deixam de ser eticamente impróprias.

Uma das conclusões do estudo é que essa divergência leva a uma “perda de confiança nas instituições políticas” e, consequentemente, a uma “crescente insatisfação com o desempenho da democracia”.

A lição dessa pesquisa é que se torna necessário que os partidos adotem “medidas de auto regulação”, não deixando para a justiça os problemas de ética que existem na política.

Terão que ser definidas quais são as linhas vermelhas e quais as consequências se estas forem ultrapassadas.

Na medida em que o eleitor se conscientiza mais ele exige esse compromisso ético.

Ou seja, os partidos que apostarem em melhorar a ética e a transparência podem vir a ser recompensados nas urnas.

Pelo menos se espera que sim.

 

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