Caetano Veloso comemora aniversário de 80 anos com filhos e Maria Bethânia em live neste domingo

Especial 'Caetano Veloso 80 anos' vai ser transmitido pelo Globoplay e Multishow neste domingo (7), a partir de 20h30. Um trecho ao vivo também será exibido no 'Fantástico'.

“Caetano ajudou na modernização da linguagem das letras da nossa música (…) Ele funcionou a vida inteira como um farol aos artistas de sua geração e das gerações posteriores, espelhando ou até antecipando novas tendências. Também procurou combater a caretice generalizada e o maniqueísmo em relação aos assuntos polêmicos de todas as épocas”, considera.

Além do combate à “caretice” citado pelo especialista, Caetano também combateu com música, voz e dança o autoritarismo da ditadura militar, o que lhe rendeu a prisão.

Narciso em Férias

Caetano é um dos artistas de maior posicionamento político de todos os tempos. O músico coloca nas canções o que pensa em relação à sociedade em que vive. E isso sempre foi assim. Para Faour, essa é mais uma das qualidades do baiano.

Caetano Veloso na série Narciso em Férias

Divulgação

Caetano Veloso na série Narciso em Férias

“São poucos os que têm coragem de defender temas progressistas durante tantos anos e também a política do corpo, não apenas a político-partidária – e por isso foi tão incompreendido na época da ditadura até por grupos mais ligados à esquerda castiça”, afirma.

Com um posicionamento claro sobre o que pensa, o artista não agradou os generais que governavam o Brasil durante a ditadura militar. Em 1968, ao lado de Gilberto Gil, Caetano foi preso sob acusação de ter desrespeitado o hino nacional e a bandeira brasileira.

No total, o músico ficou 54 dias em cárcere e, em seguida, partiu com a família para o exílio, na Inglaterra. O episódio é contado detalhadamente pelo próprio Caetano na série “Narciso em Férias”, lançada em 2020 pela Globoplay.

É proibido proibir

A mesma inquietude que rendeu a Caetano problemas com o governo também deu vida a um movimento que mudou para sempre a arte no Brasil. O descontentamento com os padrões impostos em 1960, além da elitista e nacionalista cena cultural brasileira da época, fizeram com que Caetano se tornasse um dos líderes da Tropicália, movimento criado em 1967.

“A Tropicália foi o primeiro movimento a tentar quebrar convenções de brega e chique, de alta e baixa culturas em nossa música, considerando o fenômeno da nova cultura pop internacional pós-Beatles. As ferramentas usadas para tal foram letras com uma poética diferente, arrojada; a mistura de instrumentos ‘forasteiros’ como a guitarra elétrica com os nossos pandeiros e afins”, explica Rodrigo.

A Tropicália foi um movimento que revolucionou a cultura brasileira.
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A Tropicália foi um movimento que revolucionou a cultura brasileira.

Ainda segundo o pesquisador, na Tropicália não era suficiente mudar só o som, por isso, roupas e cabelos extravagantes também foram adotados pelos adeptos ao movimento.

“Foi um estratagema para que a nossa música pudesse fazer frente à crescente globalização da cultura ocidental”, analisa Faour, que concluiu opinando que, sem o movimento da Tropicália, a MPB poderia findar, já que seria quase impossível disputar com o “poder do pop anglo-americano”.

80 sem cheiro de mofo

Caetano não foi cantor, compositor, músico, produtor, arranjador e escritor brasileiro. Ele é. No presente. Afinal, segue em plena atividade. Além de estar em turnê com “Meu Coco”, Caetano comemora 80 anos em um show ao lado dos três filhos, Zeca, Tom e Moreno e a irmã Maria Bethânia, em uma live transmitida gratuitamente na Globoplay neste domingo (7).

 “Decidi resumir a festa dos meus 80 anos a uma apresentação com meus filhos e minha irmã. Será um show íntimo, mas com público – e para ser visto ao vivo por internautas e telespectadores. Estamos ensaiando em casa, mas vamos para um palco grande. Temos e não temos o direito de errar acordes, versos, notas”, conta Caetano em entrevista divulgada pela Globo.

Mas muito mais que só a festa e o presente ao público que acompanhará o show, Caetano chega aos 80 anos agraciando os fãs com novidades. O que é um privilégio, segundo Faour. “Além de manter a voz e o corpo em ótima forma, o trabalho nunca ficou com cheiro de mofo. Ele está sempre se reciclando e buscando, dentro de seu estilo, trazer novidades ao debate público por meio de canções. Resiste cunhando uma obra com discurso poético apurado em canções das mais simples às mais sofisticadas ou relendo pérolas das mais variadas fases da nossa música, independentemente do estilo musical”, opina.

É inquestionável, portanto, a importância de Caetano na música brasileira. Aos 80, o cantor é dono de composições conhecidas por brasileiros de todas as classes, credos e crenças. Como legado para a cultura brasileira, segundo o historiador, o baiano mostra que a busca incessante pela renovação, sem negar o passado, bem como a coragem de se expressar, é uma receita longeva, frutífera e que jamais ficará velha.

G1

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