Clauder Arcanjo

Clauder Arcanjo: Pílulas para o Silêncio (Parte CXLVII)

Colóquio silente com a foto de uma matriz Frente à praça desfolhada, percebo o vulto de uma igreja. Matriz da cidade? Não sei, pouco importa a resposta ou o tal lugar em que esta Casa de Deus eu flagrei.  Com pouco, estava eu no…

Para o escritor Evandro Affonso Ferreira Não, minha Musa, não diga nada: apenas não me impeça de aconchegar você nelas, minhas impossibilidades. Tua musa, Evandro, há de ouvir teus clamores. Apesar de que, nos dias de hoje,…

Clauder Arcanjo: Pílulas para o Silêncio (Parte CXLV)

Colóquio entre os rios jaguaribe e acaraú Para o poeta Luciano Maia Terra que viu descer o sol da morte sobre a geometria das ossadas. E em Licânia, Luciano, as ribeiras estão infestadas de espectros. Ossadas brancas que se fizeram pedras…

Clauder Arcanjo: Pílulas para o Silêncio (Parte CXLIV)

Colóquio silente com Regine Limaverde O pensamento é o ladrão da felicidade. E ele me vem, Regine, nas noites em que a calma me exaspera, põe mesa e conversaria; e sei que nada de bom nos espera. O pensamento, de repente, rouba-me a…

Clauder Arcanjo: PÍLULAS PARA O SILÊNCIO (PARTE CXLIII)

O setembro traz um vento que vem de longe. E essa ventania o silêncio me anuncia. Quem sabe o vazio de outras eras, em que a paz dos homens mais se nos havia. O setembro me cheira a flores secas, guardadas num vaso sobre a escrivaninha, de…

Clauder Arcanjo: PÍLULAS PARA O SILÊNCIO (PARTE CXLII)

o silêncio sem dono daquela velha folha — tombando na calçada. (Adriano Espínola, em “Outono”) O outono me chega, quando as folhas da minha alegria caem sobre o chão do meu silêncio. Cabisbaixo, passo então a vagar ao sabor do vento…

Clauder Arcanjo: PÍLULAS PARA O SILÊNCIO (PARTE CXLI)

Van Gogh Quero deixar-me longe. Separar-me de mim. Abandonar-me. Ser-me estranho. Parto, mas, onde chego, me reencontro. Despeço-me de novo e me acompanho. (Mauro Mota, em “O companheiro”) Deixando a mim, fico apenas com o que me ficou…

Clauder Arcanjo: Pílulas para o Silêncio (Parte CXL)

Há uma margem do rio que os olhos não veem, que os braços não alcançam, que o silêncio é o único tributo para os que chegam a ele no barco remado pelo silêncio das águas inumeráveis, tangido pelo barqueiro das almas banidas e, hoje,…

Clauder Arcanjo – PÍLULAS PARA O SILÊNCIO (PARTE CXXXIX)

Tu és aquilo que as tuas palavras ouvem, ouves o teu coração (as tuas palavras “o teu coração”)? (Manuel António Pina, em “Tanto silêncio”) Andaste surdo ao teu mundo? Sim, confessa!; há tempo não traduzes tuas dores, teus fantasmas, teus…

Clauder Arcanjo

O futuro é um punhado de cinzas que o vento semeia. (Francisco Carvalho, em “Futuro”) Tentei antecipar minha passagem final, afoito e agoniado; mas, ao chegar diante de Caronte, o óbolo que lhe levava era uma moeda de papel. Nele, os…