Clauder Arcanjo

Clauder Arcanjo – VERÃO

A aula transcorria normal, o conhecimento era-nos ofertado, sob as bênçãos da eficiência e do zelo, pela professora Edieni. Um curso técnico avançado sobre Primeiros Socorros. No final da manhã do segundo dia, a professora parou a…

Clauder Arcanjo – Mindinho

José Castilho Bezerra das Neves já nasceu pequeno e atrevido. “Deus bem sabe o que faz, se este danadinho fosse maior... Meu pai! Deus meu!” Mexia com os irmãos, assanhava o silêncio das manhãs, zoava com os namoricos nas praças, enxertava…

Clauder Arcanjo – Acácio e a última eleição

Domingo, 2 de outubro último, segui para Santana do Acaraú, no Ceará, minha cidade natal, a fim de participar, como eleitor, das eleições para prefeito e vereador. Como moro em chão potiguar, confesso que fiquei abismado com o número de…

Clauder Arcanjo – Corda

Por fim, se tens pudor, confessa logo os erros:             contar as dores alivia o Amor. (Elegias, de Sexto Propércio) Entrou e parou, cabisbaixo. Mal passou pela soleira de entrada, a cabeça foi tomada por uma voz distante, ecos de…

Clauder Arcanjo – Fada de Licânia

Era uma vez... Não era boa nem má. Tão somente por viver vagando sozinha nas ribeiras do rio Acaraú e, nos períodos de seca, ela descobrir flores onde os outros só encontravam espinhos, chamaram-na de Fada. Alguns, sempre com os olhos de…

Clauder Arcanjo – Ficções pequenas

Deusa Ninguém levanta impunemente os olhos para uma deusa. (Cesare Pavese, em Diálogos com Leucó) Na comissura dos lábios, o indecifrável. No canto do olhar, a perdição. No ritmo das pernas, o abismo. Parou frente a todos. Estes,…

Clauder Arcanjo – CONTINHOS DE SETEMBRO

O outro inferno A paz da noite alta, o silêncio dos galos e o vento fresco não o iludiam. Chegou-se, pôs o pé direito na soleira do alpendre e... aguardou. Atrás de si, cangote da memória, um legado de medos e temores: a saída de casa…

Clauder Arcanjo – Literatices

Terça-feira, manhã de sol. Folheio meus livros e apontamentos, deparando-me com sentenças que me inquietam, sempre que as leio e releio. A primeira vem dos escritos de Borges. Leiamo-la: O estilo não parece cuidado, mas cada palavra foi…

Clauder Arcanjo – João Helder, o melhor de nós

Lá em casa, somos cinco: Dedé (única irmã) e quatro marmanjos: Baía, eu, Tito e ele. Quem é ele?!... O nosso irmão caçula, caro leitor. De batismo e de cartório, João Helder Alves Arcanjo. Quando criança, o querido Cambão. Jovem,…

Clauder Arcanjo – RELÓGIO DO TEMPO

Relógio do tempo Para Zenaide de Almeida Costa (In memoriam) O raio de sol na varanda. No coqueiro, de frente a casa, o trinado do sanhaço. De repente, uma nesga de luz fia o ar de Recife e depõe um brilho loução sobre o relógio de pé.…