Clauder Arcanjo: PÍLULAS PARA O SILÊNCIO (PARTE CLIII)
Antes de dobrar a esquina, quis olhar para trás, mas, ao se lembrar de que poderia guardar saudade dos olhos dela, acelerou o passo e… morreu de tristeza na curva seguinte.
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Dois mais dois só não serão quatro, creia-me, quando o moralista da autoajuda tiver sido reprovado nos fundamentos básicos da matemática.
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Atravessou o samba, pisou nos calos da passista, azucrinou com os ânimos da bateria e, ao final, ainda arvorou-se na condição de mestre da evolução musical pós-modernista.
— Livrai-nos, Senhor, de todo o progresso à vista! — rogou aos céus a porta-bandeira.
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Para alguns, as luzes do bom senso só lhes acenderão na noite do Juízo Final.
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Sempre suspeito, cativou-a como um medíocre, amou-a como um avaro, para, ao cabo de meses, enviuvar como um rei sem coroa.
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Não me chames para uma festa em que o homenageado não se considerar à altura do bolo.
*Clauder Arcanjo é escritor e editor, membro da Academia Norte-rio-grandense de Letras.