Domicio Arruda: PARA NÃO ESQUECER O LOCKDOWN MEIA-BOCA
A velha mania de importar de outras línguas, palavras que já existem na inculta e bela, confundiu a população no cumprimento de ordens e restrições que os cientistas juravam podiam parar a pandemia.
Em Pindorama, Lockdown virou sinônimo de fechar birosca.
O mais alto grau de isolamento tem nome de origem no Latim.
Confinamento.
Nos confins, na última fronteira.
Por onde foi implantado, precisou de força policial para ser respeitado.
Quando o assunto é liberdade individual, até a matemática é contrariada.
O todo pode não ter duas metades iguais.
Sem falar nos métodos de fabricação, não há grávida meio virgem, nem criança nascida de meia gravidez.
O arremedo do que os outros estavam fazendo de verdade, tornou-se marketing enganador, como os descontos da black friday.
As práticas importadas e adotadas não conservavam um mínimo de lógica, não foram entendidas, muito menos seguidas seriamente.
Foi fácil perceber que o que se tentava era tática de quem seguia no jogo das aparências e desculpas.
Um decreto governamental que determinou o fechamento dos parques (plural majestático), é a prova material da inutilidade de muitas decisões que precisam ser lembradas, para nunca mais serem impostas.
O Parque das Dunas, o único a ter os portões cerrados enquanto a rua em frente, continuava repleta de caminhantes, dividindo a pista com carros e ônibus.
A restrição de horários para o funcionamento do comércio, bares e restaurantes não resistiu a um simples cálculo da concentração de pessoas em determinado espaço, por menor tempo.
A circulação de ônibus – com frota reduzida e passageiros espremidos – foi outra agressão às inteligências medianas.
Quando falarem de novo em Lockdown, lembrem-se de Auckland.
Seus quase dois milhões de habitantes passaram sete dias sem poder sair de casa.
Por conta de um único caso confirmado.
Antes que o isolamento insular fosse suspenso, uma das últimas ondas de contaminação varreu também a Nova Zelândia, igual havia ocorrido no resto do mundo.
Se for preciso, da próxima vez, se quiserem que ninguém saia de casa, usem o knowhow dos manos das comunidades.
Eles sabem fazer respeitar um Salve Geral.