Gabrielle Dal Molin lança Carnaval no Abismo, livro de poesia
Carnaval no Abismo é o segundo livro de poemas da autora, que constrói imagens a partir do mergulho nas simbologias do cotidiano e da memória. Resgata a força e a magia de uma linhagem matriarcal profundamente conectada com a natureza, mas também fala sobre a vida concreta da urbe. São poemas escritos para situar o abismo também como lugar de encontro.
TODO VERDE
encontro uma vista de mar
a vida
me deixa mínima:
um cajueiro
contorcido e sereno
com os olhos de deus
CACTUS
Meu corpo estreito entre as asas
Tem a fome do ar pelas dunas
E das águas, o fastio das rochas
Editado pela editora Munganga Edições, o livro foi contemplado pela Lei Aldir Blanc-RN, através da Fundação José Augusto, Governo do RN, Secretaria Especial de Cultura, Ministério do Turismo e Governo Federal, e pode ser adquirido pelo Instagram: @gabspaceoddity, pelo e-mail:[email protected], ou, para quem mora em Natal-RN, no Seburubu (Av. Deodoro da Fonseca, 307)
Sobre a autora:
Gabrielle Dal Molin nasceu em 1987, em São Paulo. Viveu no interior deste estado até se mudar para o Rio Grande do Norte. É professora de História, mestre em Antropologia e doula. Além de poemas, escreve sobre as vivências de ser mãe, bissexual e não monogâmica. Seu primeiro livro de poesia, Seiva (Ed. Multifoco) foi publicado em 2017 e o segundo, Carnaval no Abismo, acaba de ser publicado pela Munganga Edicões.
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RUAS DA MEMÓRIA
silencio os estilhaços
das pequenas tragédias
semeando delícias
todos os dias
os homens criam apocalipses
enquanto procuro os parques da minha infância
CACTUS
Meu corpo estreito entre as asas
Tem a fome do ar pelas dunas
E das águas, o fastio das rochas
ENTRE TUAS ÁGUAS
esse mar de navegar no escuro
é língua
sobre terra firme
QUARTO FECHADO
o sol entra pela fresta
ilumina as intempéries
da minha cabeça
e transforma
tudo em silêncio temporão
TODO VERDE
encontro uma vista de mar
a vida
me deixa mínima:
um cajueiro
contorcido e sereno
com os olhos de deus
AOS QUINZE
pendurava brincos de pena
nas orelhas pra ver se voava