Gasto com veículo é o segundo maior no orçamento familiar

 

Os gastos anuais com veículos representam a segunda maior despesa do orçamento familiar dos brasileiros, segundo pesquisa divulgada pela Serasa. Segundo o balanço, 67% dos lares brasileiros têm os custos com o automóvel entre os três maiores gastos anuais. As despesass com os carros ficam atrás apenas da alimentação, mas no caso de alguns potiguares, trata-se do principal gasto mensal. Considerado um extensor da família, carros e motos acabam figurando à frente de despesas básicas como água, luz e gás e em alguns casos até alimentação.

 

“Como o automóvel faz parte da família para a mobilidade dela, geralmente é dada uma atenção maior ao carro para que não haja problemas, principalmente nessas épocas de férias, veraneio e carnaval. Temos todo tipo de cliente, mas a maior parte é de serviços preventivos, do cliente que quando ouve um barulhinho já corre para oficina para não deixar problemas se acumularem. Mas temos todos tipos de clientes, até aqueles que infelizmente não têm poder aquisitivo tão grande e acabam resolvendo só na hora que realmente precisam”, explica o gerente da Top Car, Will Rosas.

 

A pesquisa do Serasa refere-se a segunda edição do balanço “A Relação do Brasileiro com o Automóvel”, produzido em parceria com o Instituto Opinion Box. Apesar de ser considerado o segundo principal gasto, a organização financeira relacionada aos custos do carro ainda aparece como uma questão de conflito aos motoristas: 31% admitem gastar mais com o veículo do que o planejado inicialmente, 92% já sofreram com algum custo inesperado relacionado ao uso do automóvel e 62% têm uma reserva de emergência – entre as despesas emergenciais mais comuns são relacionadas a troca ou conserto de pneu (51%), consertos mecânicos (48%) e revisão por quilometragem (35%).

 

Segundo o proprietário da Auto Mecânica Nogueira, Hildo Nogueira, a preocupação de motoristas com a revisão preventiva é de cerca de 20% dos seus clientes. A falta de revisão constante, explica, pode levar a problemas combinados nos carros. Ele explica que suspensão, freios e troca de óleo são os serviços mais procurados.

 

“Cerca de 20% dos clientes nos procuram de forma preventiva. Antigamente era diferente, mas a maioria só vem quando quebra. Alguns já vêm em cima do guincho. Sabemos que manutenção não é barato, mas a preventiva é muito melhor que a corretiva. Infelizmente tem pessoas que não têm essa informação, não tem poder aquisitivo e fica se segurando que chega um momento que o carro não dá para rodar”, comenta.

 

Em visitas à oficinas de Natal, foi possível observar média de preços parecidas para vários serviços, que variam de um simples alinhamento, de R$ 40, a serviços no motor, que podem chegar a R$ 4.000. No caso de uma revisão preventiva, por exemplo, a média de custo é de R$ 200. Já num carro que precise trocar óleo e filtros, pastilhas de freios e suspensão, o valor já sobe para R$ 600.

 

O desenvolvedor potiguar Roney Sérgio Oliveira, 33 anos, é um dos que considera seu carro o principal gasto em sua família quando soma prestação do carro, taxas e IPVA somados. Ele utiliza seu veículo para viagens, trabalho e levar filhos para a escola. Recentemente, ele precisou fazer a troca da bateria e um problema mecânico que lhe custou mais de R$ 2 mil.

 

“O maior gasto é com a parcela. As taxas de financiamento estavam bem altas na última troca que fizemos e confesso que com emplacamento e problemas que tivemos a única saída será a troca do veículo. Apesar de ser um carro pouco rodado, tivemos problemas mecânicos que geraram despesas extras”, aponta.

 

O funcionário público e empreendedor Caetano Maia, 58 anos, procurou recentemente a oficina para corrigir um vazamento de óleo e regular um sensor. Ele aponta que o gasto com seu veículo também é um dos principais itens do orçamento.

 

“Faço manutenção periódica e preventiva, mas o gasto anual é variável. Faço as manutenções normais de troca de óleo, peças que se desgastam como pneu, pastilha de freio. No meu caso, meu carro é o segundo ou terceiro principal gasto. O IPVA é o que é mais caro no ano”, aponta.

 

A coordenadora da Serasa, Ana Carolina, afirma que “em linha com a complexidade da organização financeira revelada pelos motoristas ao longo do ano, ainda que seja uma despesa recorrente da época, o valor costuma pegar alguns motoristas de surpresa”. “Dessa forma, o planejamento financeiro é fundamental para mensurar os gastos com antecedência e estimar os custos entre um ano e outro”, complementa.

 

Pesquisa

 

Pesquisa da Serasa, que ouviu 2.023 entrevistados em dezembro, mostrou que os custos com os veículos ficam atrás apenas da alimentação (69%) e figuram à frente das despesas com as contas básicas, como água, luz e gás (62%).

 

Entre as funções mais usuais do automóvel para os brasileiros estão as compras e tarefas diárias (77%), passeios em fins de semana (76%) e locomoção para trabalho ou local de estudo (64%). Em relação à primeira edição, chama atenção o crescimento de 7 pontos percentuais no uso do carro para viagens de turismo (49%).

 

IPVA

Cobrado anualmente, o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) corresponde ao valor que deve ser pago por todos os proprietários de veículos. Mesmo sendo uma despesa tradicional do período, o estudo revela que 11% dos proprietários ainda não haviam se planejado, em dezembro, para pagar o IPVA 2024.

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