LAÍRE ROSADO: Memórias Políticas na Faculdade de Medicina da UFRN

LAÍRE ROSADO: Memórias Políticas na Faculdade de Medicina da UFRN

 

Iaperi Araújo foi meu colega e amigo desde os tempos do Colégio Marista de Natal. Saí de Mossoró em 1960, estudante do Colégio Santa Luzia, com meus pais acreditando que havia chegado a hora de enviar os filhos, eu e Ilná, minha irmã, para a realização do vestibular a um curso superior, medicina e direito, respectivamente.

Iaperi, além de estudante, era escritor, pintor e participava de movimentos culturais os mais diversos. Quando terminamos o curso de medicina, comprometeu-se a pintar um quadro para mim, que ainda hoje estou a esperar.  Escreveu inúmeros livros, onde estão incluídos livros médicos, literatura de cordel, livros de artes, cinema, poesias e ensaios históricos, principalmente na área médica.

Em “60 anos de história da Faculdade de Medicina”, Iaperi registra fatos da história da faculdade e de nossa vida acadêmica. Em alguns deles fui participante, começando pela relação dos aprovados no vestibular de medicina no ano de 1964. Dos colegas de classe do Santo Antônio, Iaperi Araújo, Aluísio Garcia de Castro, Ney Marques Fonseca, aprovado em Recife e Natal, optando pela capital pernambucana e Laíre Rosado, aprovado em Fortaleza e Natal, escolhendo permanecer na capital potiguar.

Ainda no primeiro ano, lembra Japeri, “fomos surpreendidos em sala de aula com a presença dos acadêmicos Francisco Ginani, José Arruda e Laly Carneiro, todos do Diretório de Medicina, que com autorização do professor Hiram, interromperam a aula para anunciar que um Golpe de Estado destituíra João Goulart da Presidência da República e que o prefeito de Natal, Djalma Maranhão estava ameaçado de ser deposto e, portanto, convocavam a nós, estudantes a seguirmos até a Prefeitura, na rua Ulisse Caldas para resistirmos ao Golpe, estabelecendo lá o Palácio da Resistência”.

Durante os seis anos do curso de medicina, estivemos sempre envolvidos em mobilizações políticas, sempre contra o golpe militar. Respondemos a diversos Inquéritos Policiais Militares, sendo Iaperi, talvez pelo maior envolvimento na comunicação (manifestos, panfletos, publicações) sofrido mais penalizações. Fizemos parte do Diretório Acadêmico Januário Cicco do segundo ao quinto ano da faculdade, pois essa participação não era permitida aos estudantes do primeiro e do último ano do curso. Fui eleito orador, secretário, vice-presidente e presidente do Januário Cicco e, depois, vice-presidente do Diretório Central de Estudantes.

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