LAÍRE ROSADO: Um Palanque sem Presidente nem Governador

Foto: Arte Metrópoles Lula: Fábio Vieira/Metrópoles. Bolsonaro: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Lembro de reunião que participei, em 1985, em Natal, para avaliar a candidatura do deputado estadual Garibaldi Filho à prefeitura de Natal. Aluísio Alves era ministro da Administração e viera de Brasília para as primeiras orientações e início da campanha. Fui como pré-candidato a deputado estadual, além de acompanhar  o deputado federal Vingt Rosado.

Nos últimos doze anos, o sistema Maia dominara a política do Rio Grande do Norte, elegendo três governadores de estado. Tarcísio Maia e Lavoisier Maia indicados pelos militares e José Agripino Maia em eleição direta, com voto vinculado, , solução encontrada para eleger a maioria dos apoiadores do governo militar. O eleitor era obrigado a votar no mesmo partido ou coligação, de governador a deputado estadual, deputado federal e senador.

Geraldo Melo, que havia sido vice-governador de Lavoisier Maia, participou desse encontro. Rompido com o sistema Maia, foi indicado por Aluísio para coordenar a campanha de Garibaldi à prefeitura de Natal. Lembro que o presidente da FIERN, Fernando Bezerra, depois, presidente da CNI, senador da República e Ministro de Estado, teve participação ativa nesse encontro.

Na exposição, Aluísio Alves procurou animar os presentes, transmitindo confiança e possibilidade de vitória. Lembrou Tancredo Neves que lhe afirmara: “a força do presidente da República é fundamental para a eleição de qualquer candidato, em todos os níveis”. Além do  apoio do presidente José Sarney, disse Aluísio, faço parte do governo federal, uma demonstração do seu interesse na eleição do nosso candidato a prefeito de Natal.

Confirmando o pensamento de Aluísio, não apenas Garibaldi Filho foi eleito prefeito de Natal, derrotando Wilma de Faria, à época, esposa do ex-governador Lavoisier Maia. Geraldo Melo concorreu contra João Faustino, deputado federal bem avaliado e apoiado pelos três Maia, Tarcísio, Lavoisier e Agripino. Não foram resultados alcançados com facilidade. Foi preciso muito trabalho, dedicação e inteligência para a obtenção de sucesso nas duas disputas.

Com as vitórias de Garibaldi para a prefeitura e Geraldo para o Governo do Estado, houve mudança no eixo político estadual. E Aluísio Alves iniciou a reconstrução de uma estrutura política destruída durante os governos militares. Como em política, nenhuma vitória é definitiva, José Agripino volta quatro anos depois, eleito governador para mais um mandato, e, depois, reeleito senador. Por ironia do destino, em 2022, José Agripino e Garibaldi Alves não conseguiram eleições em disputa como candidatos a deputado federal. Hoje, estão sem mandatos eletivos.

Admitindo-se a exatidão das palavras do ex-ministro Aluísio Alves, qual teria sido o peso real do governo federal, do presidente da República José Sarney, nas eleições de Garibaldi Filho, prefeito de Natal e Geraldo Melo governador do Estado?  Lula, presidente da República, terá força suficiente para alavancar a candidatura dos seus aliados E Jair Bolsonaro, que saiu da condição de um deputado federal inexpressivo para um fenômeno na política nacional, terá prestígio suficiente para ajudar aos seus correligionários? As pesquisas mostram um país ideologicamente dividido depois que Jair Bolsonaro chegou à presidência da República.

Ressaltando que as eleições deste ano definirão cargos municipais, como o eleitor se definirá em termos ideológicos?  A votação dos candidatos em 2024, poderá ser influenciada pelas lideranças nacionais?

Em Mossoró, essa avaliação não poderá ser feita, pois a disputa pela prefeitura municipal não terá candidatos da esquerda. O presidente Lula e a governadora Fátima não terão palanques eleitorais pois, ao que parece, o PT não terá representantes na chapa majoritária. Nem mesmo como candidato a vice-prefeito. Resta a disputa por uma cadeira no Legislativo Municipal, para que o partido não seja de todo esquecido.

 

 

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