O SILÊNCIO DOS BONS – Reflexões Teológicas: com Ricardo Alfredo
O SILÊNCIO DOS BONS – (Artigo da Semana) – alfredo.ricardo@hotmail.com
O SILÊNCIO DOS BONS
“A audácia dos maus se alimenta da covardia e da omissão dos bons”. Papa Leão XIII (1810-1903).
Quando analisamos a palavra silêncio em sua essência, encontramos suas diversas aplicações na vida. Dentre elas, podemos citar: amparar, violar e violentar, ferir e acalmar. Em outros aspectos, pode ser o condutor da paz ou mesmo trazer tempestades.
Na visão filosófica, o silêncio pode nos levar a uma reflexão profunda, onde os pensamentos, em turbilhões, nos levarão a um caminho de escolhas na estrada da vida.
Na visão da sociologia, o silêncio é a mais pura solidão e o maior reflexo do vazio existencial, da dor e da tristeza.
Já na visão cristã, o silêncio pode ser considerado como reflexo de sabedoria e de competência para refrear a língua. Assim como é a capacidade de distinguir o momento certo em falar e explicar os fatos através do dom da existência.
No entanto, quando a injustiça domina todos os meios sociais, e a sociedade passa a assistir a tudo passiva e estática, dominada pelo caráter da omissão ou mesmo anestesiada pela mídia, que se vendeu pelas trinta moedas, então a democracia, direito do povo, foi vencida.
E o dom, chamado de silêncio da sabedoria, foi trocado pela omissão de lutar contra as injustiças, por isso tornou-se um vírus letal que destrói a ética, os bons costumes, a verdade e o bem-comum. E dela nasce a indiferença, fruto do egoísmo que se esconde nas sombras do medo.
Implantado o vírus da omissão na alma humana, através de conceitos e ideologias, a decência da verdade tornou-se relativa. E a própria realidade vai ficando entorpecida, e roubando pouco a pouco a dignidade e a coragem de lutar pelo que é justo, honesto e de bem-comum.
O pastor luterano Martin Niemöller na Alemanha nazista, declarou sobre a omissão: “Primeiro eles vieram buscar os socialistas, e eu fiquei calado — porque não era socialista.
Então, vieram buscar os sindicalistas, e eu fiquei calado — porque não era sindicalista.
Em seguida, vieram buscar os judeus, e eu fiquei calado — porque não era judeu.
Foi então que eles vieram me buscar, e já não havia mais ninguém para me defender”.
Quando permitimos que os inocentes sejam jogados em celas injustamente, com penas fora da realidade, e nada disso não nos causa indignação, por não ser conosco e nem com os nossos, nos omitimos e permitimos que se instale as ditaduras e a escravidão do povo, a favor de projetos ideológicos e injustos contra a povo.
Quando os bons silenciam, triunfa o grito dos maus que conduzem o povo à destruição dos valores morais, éticos e, ao mesmo tempo, exaltando todos os tipos de bandalheira e indecência contra o povo pobre.
O silêncio dos bons tem levado a sociedade a mistificar os que cometem crimes em todas as diversidades. E a tolerância, quase romântica, tem promovido a criminalização e expandido o ato criminoso, para vítimas da sociedade. Estes são os valores invertidos, que destrói a democracia e a liberdade humana.
E assim, têm se agigantado os malfeitores, fruto de um Estado fraco e ideológico. Onde o cidadão, o trabalhador e pagador de impostos, é reduzido a viver preso em sua casa. Enquanto, os que praticam o mal são soltos e livres, voltando à sociedade para atentar, sem medo algum, conta a vida do trabalhador. E as mentiras ideológicas calaram os bons, tornando a verdade quase irreconhecível.
Ao ver a sociedade em sua época sendo destruída pelas ideologias doentias, o pastor Martin Luther King Jr declarou: “O que mais preocupa não é o grito dos corruptos, dos violentos, dos desonestos, dos sem caráter. O que mais preocupa é o silêncio dos bons”
Portanto, vem surgindo uma luz no horizonte, a qual é a renovação dos que se assentam como senadores e deputados. Por outro lado, a sociedade precisa, urgentemente, abandonar seus vícios de indolência e lutar por uma mudança real. Agindo humanamente com quem sofre, com quem passa fome, com quem é abandonado pelo sistema de saúde e segurança. E assim, olhar os desvalidos e abandonados como o próximo das lições da fé. E nesta jornada jamais devemos esquecer que precisamos ser tolerantes com os ignorantes e impacientes com os poderosos e injustos.
Muita Paz, Luz e Justiça a todos!
Pesquisador e Escritor Ricardo Alfredo