ONU: 43,2 milhões de pessoas sofrem de fome na América Latina e no Caribe
Novo relatório alerta que a fome atinge 6,5% da população da América Latina e do Caribe, com níveis mais elevados que na pré-pandemia; região possui o custo mais alto de uma alimentação saudável do mundo; níveis de sobrepeso e obesidade superiores são superiores às estimativas globais.
Um relatório conjunto das Nações Unidas indica que 6,5%, ou 43,2 milhões de pessoas, da população da América Latina e do Caribe sofre de fome.
Embora este número represente uma ligeira melhora de 0,5% em comparação com a medição anterior, a prevalência da fome na região ainda está 0,9% acima dos registros de 2019, antes da pandemia da Covid.
![Crianças no Haiti comem uma refeição fornecida como parte do programa de alimentação escolar do PMA. Crianças no Haiti comem uma refeição fornecida como parte do programa de alimentação escolar do PMA.](https://global.unitednations.entermediadb.net/assets/mediadb/services/module/asset/downloads/preset/Libraries/Production%20Library/17-07-2023-WFP-Haiti-school-meal.jpg/image1170x530cropped.jpg)
Variação entre as sub-regiões
O documento Panorama Regional da Segurança Alimentar e Nutrição 2023 também mostra que o cenário é desigual a nível sub-regional.
Na América do Sul, o número de pessoas que sofrem de fome diminuiu 3,5 milhões entre 2021 e 2022.
Já na América Central, 9,1 milhões de pessoas sofreram de fome em 2022, o que significa uma prevalência de 5,1%. Este valor não representa nenhuma variação significativa em relação à medição anterior.
No Caribe, o cenário é diferente. Nesta sub-região, 7,2 milhões de pessoas passaram fome em 2022, com uma prevalência de 16,3%.
Em comparação com 2021, este número aumentou em 700 mil e, entre 2019 e 2022, o aumento foi de um milhão de pessoas, com a maioria dos casos no Haiti.
Retrocesso
Para o vice-diretor e representante regional da FAO para a América Latina e o Caribe, Mario Lubetkin, os números da fome na região continuam preocupantes. Para ele, houve um distanciamento maior do cumprimento da Agenda 2030.
Lubetkin ressalta desafios persistentes como a desigualdade, a pobreza e as mudanças climáticas, “que reverteram o progresso na luta contra a fome em pelo menos 13 anos”.
O relatório mostra, ainda, que em 2022, 247,8 milhões de pessoas na região vivenciaram insegurança alimentar moderada ou grave, ou seja, foram obrigadas a reduzir a qualidade ou a quantidade dos alimentos que consumiam, ou mesmo ficaram sem comer, passaram fome e, no caso mais extremo, passaram dias sem comer, colocando em sério risco a sua saúde e bem-estar. Este valor significa uma diminuição de 16,5 milhões em relação a 2021.
Na América do Sul, mais de um terço da população sofreu de insegurança alimentar moderada ou grave. Na América Central, a prevalência da insegurança alimentar moderada ou grave atingiu 34,5% em 2022, representando um aumento de 0,4%, em comparação com 2021. No Caribe, entretanto, durante 2022, 60,6% da população sofreu insegurança alimentar moderada ou grave.
![Para ter acesso a uma alimentação saudável, os latino-americanos e caribenhos precisam desembolsar mais que a média global, com US$ 3,89 por pessoa por dia Para ter acesso a uma alimentação saudável, os latino-americanos e caribenhos precisam desembolsar mais que a média global, com US$ 3,89 por pessoa por dia](https://global.unitednations.entermediadb.net/assets/mediadb/services/module/asset/downloads/preset/Collections/Embargoed/14-10-2021_FAO_Guatemala.jpg/image1170x530cropped.jpg)