Oscar e Política: favoritismo que influencia na escolha dos melhores
Eu não entendo de Oscar tecnicamente, mas sei do que gosto de assistir e consigo reconhecer uma grande atuação. Por isso, sem tirar o mérito de Mikey Madison, a vitória dela como Melhor Atriz me pareceu seguir uma tendência comum, que acontece não só no cinema, mas também na política.
O filme Anora foi o grande campeão da noite, levando cinco das seis estatuetas às quais foi indicado. E quando um nome se destaca tanto em uma disputa, muitas vezes a preferência acaba se espalhando para outras categorias – ou, no caso da política, para outras decisões. Isso acontece quando um candidato ganha força na campanha e, de repente, seu grupo político começa a crescer junto, conquistando cadeiras no legislativo e fortalecendo aliados, não necessariamente porque todos são os melhores, mas porque a onda de favoritismo os carrega.
Na eleição, assim como no Oscar, a narrativa pesa. A Academia se encantou por Anora e isso parece ter influenciado o reconhecimento de Mikey Madison, mesmo com concorrentes como Fernanda Torres e Demi Moore, que entregaram atuações igualmente marcantes. Na política, acontece o mesmo: quando um nome ou um grupo está em alta, suas escolhas, aliados e até erros são vistos com mais tolerância, enquanto outros, mesmo com um trabalho consistente, acabam sendo deixados de lado.
Não estou dizendo que Mikey Madison não merecia o prêmio, assim como nem todo político eleito em uma onda de popularidade é ruim. Mas fico me perguntando: será que, se Anora não fosse o grande favorito da noite, a disputa para Melhor Atriz teria sido diferente? Da mesma forma, será que certos políticos conseguiriam vencer sem estarem na chapa certa, no momento certo? No fim das contas, tanto no Oscar quanto na política, as vitórias muitas vezes são decididas não só pelo mérito individual, mas também pelo contexto e pelas tendências do momento.
Joyce Moura – Jornalista
@joycemourarealize