Paciente passa por transplante de coração em Natal após receber órgão de doadora de Mossoró

Transplante movimentou equipes médicas das duas cidades e contou com com um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para o transporte rápido do órgão.

Portal g1 RN

Um homem de 67 anos de idade recebeu um transplante de coração na tarde desta quinta-feira (9) em Natal. A doadora foi uma mulher de 38 anos que morreu em decorrência de uma cirurgia em Mossoró, na Região Oeste do estado.

Esse foi o primeiro transplante de coração realizado neste ano de 2025.

O transplante movimentou equipes médicas das duas cidades. Isso porque, segundo os médicos envolvidos na doação, é necessário que – entre a retirada do coração do doador e o transplante no paciente que vai recebê-lo – haja um intervalo de no máximo 4 horas.

“Esse é o tempo ideal”, explicou o médico-cirurgião cardiovascular Marcelo Cascudo, que realizou a operação em Natal. Neste caso, todo esse processo durou 3h16, considerado “um prazo necessário e bom pra se fazer essa cirurgia”, reforçou.

Um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) foi utilizado para levar o órgão de Mossoró para Natal para a cirurgia, que foi realizado em um hospital privado de Natal que é referência em procedimentos cardíacos. Três médicos e uma enfermeira estavam no avião.

Prognóstico não era bom

 

 

O paciente de 67 anos de idade que recebeu o órgão em Natal havia entrado em dezembro na fila única da Central de Transplantes da Secretaria de Saúde do RN – que é controlada pelo Sistema Nacional de Transplantes.

Segundo o médico Marcelo Cascudo, o paciente não tinha um bom prognóstico – sem responder a outros procedimentos -, e o transplante pode mudar a vida dele.

“Um receptor que vinha sofrendo dor, um paciente com várias internações hospitalares aqui no Rio Grande. Colocou um desfibrilador, colocou um aparelho tipo marca-passo pra melhorar o batimento cardíaco dele pra facilitar essa função do músculo dele. Mesmo assim, ficou um tempo piorando, não respondeu bem a esse tratamento”, explicou.

“Estava realmente caminhando para o fim da vida dele. Então tinha a indicação do transplante, e ele teve a sorte de aparecer uma doadora, de Mossoró”.

 

O médico ainda reforçou que a doadora tinha muita compatibilidade com o paciente que recebeu o coração, com alturas e pesos parecidos, além do tipo sanguíneo igual.

“Foi pra ele uma sorte, uma benção de Deus ele ter essa doação”, disse.

Doação de mais órgãos

 

 

A família da mulher de 38 anos que morreu em Mossoró doou também, além do coração, os rins (levados para o Rio Grande do Sul e Minas Gerais) e o fígado dela (doado para Pernambuco).

“A gente incentiva muito a doação porque, de certa forma, é um renascimento daquela pessoa que estava em casa, ou então aquela pessoa que estava no hospital em uma condição limítrofe demais, e com a doação você tem uma nova oportunidade para seguir em frente na sua luta diária”, explicou o médico cardiologista Ângelo Chaves, que participou da operação em Mossoró.

Em casos de doadores que morreram – como o caso da mulher da doadora de Mossoró – geralmente são pacientes com diagnóstico de morte encefálica, geralmente vítimas de catástrofes cerebrais, como traumatismo craniano ou AVC (derrame cerebral), segundo o Ministério da Saúde.

A doação é autorizada pela família, e o doador pode indicar essa vontade em vida.

RN: aumento de transplantes

 

O Rio Grande do Norte teve, em 2024, um aumento de cerca de 40% no número de doações de órgãos – de todos os possíveis, não apenas coração – em comparação com o ano anterior. Veja abaixo os dados da Central Estadual de Transplante de Órgãos:

  • 2024: 450 procedimentos
  • 2023: 320 procedimentos

 

Apesar do aumento, o estado permanecia com cerca de 1 mil pacientes no aguardo por um transplante de órgão neste mês de janeiro, segundo a Central. A maioria no aguardo por córneas e rins.

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