Ringo Starr, 84 anos

Alex Medeiros

@alexmedeiros1959

Chegar numa idade avançada assim não é tão natural para quem passa por uma infância de saúde frágil e com diversas entradas e saídas de hospitais. O baterista mais famoso do mundo e o mais velho da maior banda de rock de todos os tempos, nasceu em 7 de julho de 1940, na cidade de Liverpool, e foi registrado e batizado como Richard Starkey, filho de Richard e Elsie Starkey.

Seu primeiro problema pessoal foi aos 3 anos quando os pais se separaram, após um casamento que começou como uma singela história de amor num cenário de bairro operário em plena Segunda Guerra Mundial. Com seis anos o menino teve um ataque de apendicite e baixou um hospital, momento em que podia ver os pais juntos de novo nas visitas em que ambos traziam brinquedos.

Os presentinhos quebravam um pouco o tédio do internamento, como um pequeno ônibus vermelho e um tambor. Aquele tambor foi sua primeira experiência acústica, cuja primeira plateia foi um garotinho no leito ao lado.

Ao perceber a atenção do vizinho, Ringo decidiu presenteá-lo com o ônibus, já que o que lhe interessava mesmo era o tambor. E quando se inclinou para passar o brinquedo, despencou da cama, bateu a cabeça e entrou em coma.

Mas as doenças da infância e algumas carências materiais na adolescência acabaram fomentando seu interesse musical que, obviamente, o estimulou a tocar bateria, que posteriormente o levaria a participar de algumas bandas.

Sua mãe casaria outra vez em 1953 com Harry Graves, que se tornaria um padrasto exemplar para o jovem Richie (apelido de infância) incentivando-o na atividade musical. Ringo sempre o admirou e dizia que Graves foi sua escada.

A partir de 1955, com 15 anos, aprendeu a tocar também um instrumento bem popular no country e no jazz, o skiffle, que sua geração improvisava com utensílios domésticos. E na noite do Natal de 1957 ganhou a primeira bateria.

No final dos anos 50 começou a tocar num grupo chamado “Rory Storm and the Hurricanes” e adotou o nome que seria mítico, Ringo Starr, alusão ao brilho estelar dos anéis que gostava de usar e que nunca mais deixaria de exibir.

Foi numa turnê em Hamburgo que ele viu os Beatles, um quinteto com John Lennon, Paul McCartney, George Harrison, Stu Sutcliffe e Pete Best. Em outubro de 1960, Ringo se juntaria a eles num show do cantor Lu Walters.

A história de como Ringo Starr substituiu Pete Best nos Fab Four é conhecida por qualquer um que já ouviu falar de Beatles. Ele foi de extrema importância na mudança de estrutura que o grupo precisava, como pensou o produtor.

George Martin foi quem decidiu fazer a troca, em 1962, o que não foi aceito inicialmente pelas fãs enlouquecidas que achavam Best o mais bonito da banda. Não que ele fosse tecnicamente ruim, mas o tempo deu razão a Martin.

Ringo não é o melhor baterista do universo pop, dificilmente encabeça uma lista dos maiores. Mas é aquele que deu dimensão musical e cênica ao cozinheiro acústico das bandas, inovando no tablado que lhe deu visibilidade.
A marca indelével da sua importância nos Beatles está em grandes discos, revolucionários como “Sgt Peppers”, inventivos como “Revolver” e atemporais como “Rubber Soul”. E que tal se ater às canções de autoria dele? O velho batera é fodástico!

Publicado em Tribuna do Norte

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