RN registra 8 mil afastamentos do trabalho por questões de saúde mental: “Número que choca”

O Rio Grande do Norte registrou 8 mil afastamentos do trabalho por transtornos mentais no último ano. O juiz trabalhista Michael Knabben destacou que “grande parte [dos casos] também liderando a ansiedade, logo seguida por depressão” e que o número de licenças médicas “de fato choca”. Em nível nacional, foram quase 500 mil afastamentos, sendo 301 mil de mulheres e 170 mil de homens.

 

“Outro dado interessante é que o número de afastamentos mentais acomete mais o público feminino”, afirmou Knabben. Ele aponta que fatores como assédio no ambiente de trabalho e a dupla jornada das mulheres contribuem para esses índices.

“A questão das mulheres também está ligada a dupla, tripla função. Ainda existe um certo machismo na sociedade, algumas funções ainda são relegadas apenas às mulheres. Existe uma pouca ajuda dos maridos, do público masculino em geral. Isso leva à sobrecarga do sexo feminino e isso explica também esse grande índice de afastamento”, disse.

 

A partir de maio, uma nova norma regulamentadora entrará em vigor para reforçar a fiscalização sobre condições de trabalho que possam levar a doenças mentais. Segundo Knabben, fiscais do trabalho irão “visitar as empresas, principalmente com foco em gatilhos de adoecimento mental, como estabelecimento de metas abusivas, jornadas excessivas, assédio moral, condições precárias e conflitos interpessoais”.

 

O juiz ressaltou que a conscientização é um dos principais objetivos da Campanha Abril Verde, promovida pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT) e outras instituições. “Há um número muito elevado de trabalhadores que saem de casa para fornecer o sustento de sua família e não regressam. Então essa é a grande preocupação, uma questão social também”, afirmou.

 

Com o aumento expressivo dos afastamentos, os impactos financeiros também crescem. “Estima-se que só com esses afastamentos mensais a Previdência Social gaste algo em torno de R$ 3 bilhões ao ano”, destacou Knabben. A campanha Abril Verde busca alertar trabalhadores e empresas para a importância da prevenção de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho.

Campanha avalia riscos de monóxido de carbono em ponto de ônibus movimentado de Natal

 

Entre as atividades da campanha, destaca-se a avaliação da concentração de monóxido de carbono na parada de ônibus próxima ao shopping Midway Mall, marcada para 16 de abril. “Foi escolhido um horário de pico também justamente para sabermos qual o nível de monóxido de carbono e o que isso pode afetar na segurança tanto dos trabalhadores quanto da sociedade em geral”. A ação, promovida pela Associação de Engenheiros de Segurança do Trabalho do RN, ocorrerá às 16h.

 

Já no dia 24, uma audiência pública no Ministério Público do Trabalho abordará os impactos das mudanças climáticas no ambiente profissional. O encerramento será em 28 de abril, Dia Mundial de Prevenção de Acidentes de Trabalho.

 

No Rio Grande do Norte, o Abril Verde é promovido por um Grupo de Trabalho Interinstitucional (Getrin) formado pelo Tribunal Regional do Trabalho da 21ª Região (TRT-RN), Ministério Público do Trabalho do RN (MPT-RN), Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA-RN), Serviço Social da Indústria (SESI) e Serviço Social do Comércio (Sesc), assim como associações e sindicatos da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-RN), Associação dos Engenheiros da Segurança do Trabalho (Aest-RN), Associação Nacional de Engenharia de Segurança do Trabalho (Anest), Centro de Referência da Saúde do Trabalhador (Cerest Natal) e Associação Norte-rio-grandense dos Advogados Trabalhistas (Anatra).

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