Uma nota do Enem

porRedação Tribuna do Norte

Alex Medeiros
@alexmedeiros1959

São muitas as manchetes, as opiniões e os enaltecimentos efusivos publicados na imprensa pelo resultado de doze notas de valor 1000 na prova de redação do Enem 2025, cujo tema foi “Os desafios da valorização da herança africana”. Evidente que os doze jovens que alcançaram a nota máxima merecem todos os louvores, principalmente nos casos de uma menina de apenas 17 anos em Alagoas e outra de 18 em Araçatuba.

Convém destacar que entre os doze havia um candidato que já tem intimidade com a linguagem na condição de escritor e outro com formação superior em letras. E vale relatar que apenas um candidato é oriundo do ensino público. Desde os tempos dos vestibulares com suas listas de aprovados publicadas nos jornais, é comum festejar aqueles estudantes que conseguem atingir uma nota máxima em redação.

Mas, é preciso salientar que a existência de apenas uma dúzia de alunos com nota mil num universo de mais de 3 milhões de candidatos acaba sendo uma preocupação com a qualidade e a realidade da educação no Brasil.

Desde a retomada democrática em 1985 o país vem sendo governado por partidos e políticos dos espectros ideológicos socialdemocrata e progressista. Salientando que na metade desse tempo a gestão esteve sob o julgo do PT.

Neste tempo todo, estamos vendo ano a ano um processo de decomposição de um formato de ensino que não encaminha os nossos jovens estudantes para a vida prática e ainda os afasta da leitura. Somos um povo que lê pouco.

E se há uma regra que jamais mudará é: só escreve bem e correto quem sabe ler e tem senso crítico e sensibilidade analítica na prática da leitura. Não se foge disso. Um disléxico pode até ser político, mas não será um bom escriba.

Não é de agora que o ensino médio, por exemplo, está deveras defasado em seu sistema de formação. No próprio ensino superior, gerido obrigatoriamente pelo governo federal, a área de humanas tem sido um desperdício de recursos. Os resultados são pífios nos cursos influenciados por visões ideológicas e estes só têm formado militantes partidários. Vejam que apenas 7% dos inscritos no Enem obtiveram notas acima de 950 pontos na prova de redação.

Os doze festejados campeões da nota máxima representam somente 0,00028% do total de participantes do certame. É evidente que no geral, há uma distância abissal entre a capacidade cognitiva dos alunos e as provas.

Algo que precisa mudar nos critérios de elaboração das provas do Enem. Quem tira nota mil numa redação, como os doze valorosos candidatos que estão com seus nomes na mídia, mais que merece as muitas homenagens.

Mas há de ser grave a ínfima quantidade num universo de mais de 3 milhões de inscritos. E muito mais grave ainda tem e deve ser a preocupação dos gestores e dos educadores brasileiros. É bom lembrar o velho adágio, “escreveu não leu o pau comeu”, que pode ser “não leu, não escreveu”.

Jornalista Alex Medeiros

 

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